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Saúde de sapos tropicais é impactada pela urbanização, revela pesquisa

O estudo realizado no Laboratório de Patologia Experimental do Instituto de Biociências (Inbio) analisou as respostas morfofisiológicas de sapos tropicais à urbanização, com base na síndrome do “Pace-of-Life” (perturbação do ritmo de vida). A pesquisa foi publicada na da Universidade de Oxford. 

O estudo é pioneiro na avaliação dos efeitos da urbanização em anfíbios neotropicais, considerando o ritmo de vida. Dessa maneira, demonstra que os sapos estão sofrendo com o crescimento desordenado das cidades. É como se os animais urbanos vivessem menos tempo e, por isso, precisassem utilizar suas energias para sobreviver e reproduzir.

A capital de Mato Grosso do Sul, mesmo sendo relativamente jovem, experimenta uma expansão urbana rápida. Assim, o principal objetivo do projeto foi compreender como a urbanização influencia a história de vida dos anfíbios, associada à sua idade. Ao comparar um grupo de rãs encontrado em Campo Grande com a população da Base de Estudos do Pantanal (BEP), uma área rural, os pesquisadores identificaram padrões reveladores.

O professor do Inbio, Diogo Borges Provete, explica que o projeto em questão foi um evento significativo e coloca a Universidade em evidência. “Acredito que este projeto foi um marco importante para o meu laboratório e o LAPEX coordenado pelo professor Carlos Eurico, já que contou com colaboração internacional e abordou uma questão que faz parte de uma ODS, contribuindo assim para a agenda ONU 2030. A publicação deste artigo num periódico internacional de renome e com acesso aberto coloca a ߲ݴý num patamar elevado internacionalmente, dando ainda mais visibilidade para a instituição”, ressalta.

A professora visitante Inbio e vinculada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, Lilian Franco Belussi, explica sua gratificação por participar da pesquisa, indicando os resultados obtidos. “Estar envolvida nessa pesquisa é muito gratificante para mim pois esses resultados nos permitiram novas perspectivas de avaliações dos anuros como bioindicadores ambientais. Assim, nossas expectativas são que esse estudo possa guiar novos trabalhos visando melhor entendimento do efeito da urbanização para os anuros e assim possibilitar reflexões sobre a conservação desses animais”, disse.

O professor do Inbio, Carlos Eurico dos Santos Fernandes, ressalta os resultados obtidos até o momento. “Até o momento, os resultados mostram que o sistema imunológico se altera com a idade, mas também entre diferentes ambientes, especialmente quando antropizados. Como trata-se de um estudo ainda inédito não apenas aqui, mas de forma geral em outras partes do planeta (ambientes), nossos achados até o momento nos estimulam a seguir nesta linha utilizando esses métodos junto a estes bioindicadores ambientais. Considerando a vastidão do pantanal, outras microrregiões e microambientes podem se constituir numa fonte inesgotável de conhecimento envolvendo a ecologia desse grupo e suas respostas (ecotoxicologia). Nossa parceria com um grupo argentino, nos permitem expandir nossas investigações e intercâmbio na América Latina”, explica.

Os resultados revelaram diferenças significativas em parâmetros fisiológicos entre populações urbanas e rurais. Os sapos urbanos demonstraram uma maior incidência de anormalidades nos eritrócitos (hemácias), sugerindo um possível impacto negativo da urbanização na saúde geral. Constatou-se que as rãs urbanas apresentam um ritmo de vida mais acelerado, atingindo a maturidade sexual precocemente, reproduzindo-se em idade mais jovem. Além disso, esses indivíduos urbanos demonstram uma maior incidência de alterações celulares deletérias e um sistema imunológico envelhecido precocemente, indicando possíveis consequências fatais em comparação com seus congêneres na BEP.

Texto: Elton Ricci

Fotos: Arquivo dos pesquisadores